Grad – VA – Ext – PRODS

Programa Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável

O Programa Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável (PRODS) é um programa de extensão universitária da Unicamp. O propósito desse programa é abarcar e organizar iniciativas de extensão da Unicamp que compartilhem sua visão e objetivos.

A missão desse programa é preencher a lacuna entre engenharia e sociedade. A formação tradicional de engenharia, frequentemente focada exclusivamente na formação conteudista do engenheiro, é insuficiente para formar o engenheiro como pessoa, que compreenda seu papel na sociedade, que considere o impacto de seu trabalho no meio-ambiente, e que promova condições para que as pessoas à sua volta também tenham a oportunidade de se desenvolver como pessoa.

A política de curricularização da extensão, que incentiva cursos de graduação de todo o país a incorporar iniciativas de extensão em seus currículos, é uma excelente oportunidade de atingir esses objetivos. Iniciativas de extensão buscam o diálogo e valorizam o saber das comunidades, e incorporam ao processo de geração de conhecimento as problemáticas e demandas das comunidades onde atuam. Por um lado, essas iniciativas visam facilitar o acesso do cidadão aos bens culturais, científicos, econômicos, artísticos, esportivos e tecnológicos disponíveis. Mas por outro lado, também impactam de forma significativa a formação dos alunos engajados com essas atividades, por alimentar sua formação com dados da realidade em que estão inseridos, e por promover um contexto formativo dialógico.

Mesmo objetivos tradicionais, como a empregabilidade do engenheiro e a permanência estudantil, são beneficiados pelas atividades deste programa. As atividades do programa promovem condições para alunos desenvolverem habilidades como liderança, resolução de conflitos, negociação com stakeholders, e como navegar num mundo de expectativas e realidades diversas, todas as quais cada vez mais valorizadas pela indústria. Confiar aos alunos o protagonismo de sua formação, promover o aprendizado baseado em projetos, e facilitar uma visão global sobre a relevância dos conteúdos técnicos e como eles são conectados, são algumas das ferramentas que as iniciativas de extensão deste programa usam a favor da satisfação dos alunos com seus cursos e consequente permanência estudantil.

Embasamento

Apesar de sua interação com a sociedade e dos benefícios para a sociedade resultantes dessa interação, esse não é um programa assistencialista. Esse programa objetiva  oferecer aos alunos da Unicamp  ferramentas para uma formação plena de  acordo com o projeto pedagógico proposto. Para isso, o programa promove atividades integradas entre universidade, comunidade  e organizações, em concordância com as  Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN),  que listam que o egresso de escolas de  engenharia deve, entre outras coisas:

I. ter visão holística e humanista, ser crítico, reflexivo, criativo, cooperativo e ético e com
forte formação técnica;
II. estar apto a pesquisar, desenvolver,  adaptar e utilizar novas tecnologias, com atuação inovadora e empreendedora;
III. ser capaz de reconhecer as necessidades dos usuários, formular, analisar e resolver, de forma criativa, os problemas de  Engenharia;
IV. adotar perspectivas multidisciplinares e transdisciplinares em sua prática, e
V. considerar os aspectos globais, políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e
de segurança e saúde no trabalho.

As DCN listam ainda competências que os cursos de engenharia devem proporcionar aos seus egressos. Esse programa é focado nos aspectos mais integradores e sociais dessas competências, dentre as quais:
I. observar, analisar, registrar, e compreender usuários e seu contexto social, cultural, legal, ambiental e econômico ao formular soluções de engenharia;
II. inovar, empreender, e desenvolver pensamento crítico-reflexivo;
III. trabalhar de forma colaborativa, reconhecendo e respeitando diferenças sócio-culturais e promovendo o diálogo, e
IV. trabalhar em contextos multi- e  interdisciplinares.

Sustentabilidade

Os objetivos e atividades desenvolvidas no programa são fortemente orientados pelos 17 ODS.
Os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) são uma lista de objetivos e metas estabelecidos pelas Nações Unidas para orientar os esforços mundiais em direção a um futuro mais sustentável até 2030. Eles foram adotados em setembro de 2015 como parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e são  destinados a ser um “plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade”.  Esses objetivos são interdependentes e interconectados, e sua realização requer uma abordagem integrada e colaborativa em nível global, nacional e local.

O segundo relatório de engenharia da UNESCO, intitulado “Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável: Alcançando  os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, destaca a importância da  engenharia na promoção do  desenvolvimento sustentável e identifica oportunidades para a profissão de  engenharia contribuir para os ODS. O relatório abrange vários temas relacionados à engenharia e ao desenvolvimento  sustentável, incluindo a atual situação da educação e profissão de engenharia em todo o mundo, a contribuição da engenharia para o desenvolvimento sustentável em áreas como infraestrutura, energia, água e segurança alimentar, bem como os desafios  que a profissão enfrenta na realização dos  ODS. O relatório destaca a necessidade de  parcerias entre engenheiros e outras partes  interessadas e enfatiza a importância da  diversidade e inclusão na profissão. Em  geral, o relatório destaca a importância da  engenharia para o desenvolvimento sustentável e fornece recomendações para a  profissão de engenharia contribuir para  esse objetivo.

Ensino de Engenharia

O novo relatório da Unesco descreve mudanças necessárias no ensino de engenharia para atingir os 17 ODS. O relatório explica que a capacitação dos engenheiros para a implementação dos ODS requer novas habilidades, incluindo aprendizado e pensamento criativos, resolução de problemas complexos,  cooperação interdisciplinar e internacional, além de um código de ética. Além disso, é preciso uma mudança no ensino da engenharia, passando de uma abordagem conteudista, centrada no professor, para uma abordagem centrada no estudante e na solução de problemas, o que exigirá uma abordagem interdisciplinar mais ampla.

Para garantir a qualidade e o credenciamento de engenheiros e promover o desenvolvimento profissional vitalício, é fundamental construir uma abordagem  estruturada, com revisões periódicas de atributos e competências profissionais dos graduados, envolvendo diversas partes  interessadas. É necessário um sistema  mundial de credenciamento para garantir que haja um número suficiente de  engenheiros de alta qualidade capacitados para atender aos ODS e trabalhar além das fronteiras nacionais. Os sistemas de  certificação profissional são essenciais para reconhecer as qualificações e competências dos engenheiros em todo o mundo,  estabelecendo um conjunto de requisitos  mínimos de conhecimento, habilidades e competências para a engenharia do futuro.

Contextualização

Esse programa de extensão universitária contribui para o direcionamento da educação em engenharia para as recomendações do segundo relatório de engenharia da UNESCO por meio das seguintes ações:

  1. Incluir nas disciplinas e módulos o foco de sustentabilidade, por meio de atividades visando
    a. Introdução à engenharia  sustentável;
    b. Gestão de recursos naturais;
    c. Tecnologias verdes;
    d. Sistemas de energia renovável;
    e. Planejamento urbano sustentável;
    f. Avaliação do ciclo de vida de produtos;
    g. Responsabilidade social e  ambiental na engenharia.
    h. Os conteúdos não deverão abordar somente a teoria, mas também a prática, com projetos e estudos de caso que estimulem a criatividade e a inovação dos alunos
  2. Promover atividades extracurriculares, como projetos de pesquisa e extensão, com foco em soluções para problemas locais e  globais relacionados ao  desenvolvimento sustentável, como:
    a. Desenvolvimento de tecnologias para aproveitamento de fontes  renováveis de energia;
    b. Projetos de infraestrutura  sustentável;
    c. Avaliação do impacto ambiental de atividades econômicas;
    d. Desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental.
    e. Essas atividades são desenvolvidas em parceria com organizações
    governamentais e não  governamentais e com a comunidade local.
  3. Promover a formação de engenheiros com habilidades socioemocionais, como trabalho em equipe, liderança, empatia e comunicação, além de habilidades técnicas. Isso pode ser alcançado por meio de projetos  integrados multidisciplinares que estimulem a colaboração entre alunos  de diferentes cursos, bem como  atividades de voluntariado e estágios em empresas com forte compromisso social e ambiental.
  4. Incentivar a diversidade e inclusão na engenharia, garantindo a igualdade de
    oportunidades para todos os  estudantes, independentemente de gênero, raça, orientação sexual, religião ou classe social. Isso pode ser alcançado por meio de políticas de  inclusão e ações afirmativas, bem  como por meio de programas de mentoria e redes de apoio para  estudantes de grupos minoritários.
  5. Promover ações de conscientização e engajamento da comunidade acadêmica e da sociedade em geral sobre a importância da engenharia para o desenvolvimento sustentável, por meio de eventos, palestras,  campanhas de comunicação e  parcerias com empresas e  organizações que compartilhem essa visão.