Texto  Apostila de Termodinâmica I
 

Apostila de termodinâmica I.
Texto: Prof. Dr. José Tomaz Vieira Pereira


Capítulo 3: Propriedades de uma Substância Pura Compressível Simples


Introdução

Para aplicação do balanço de energia para um sistema, é necessário o conhecimento das propriedades do sistema e de como estas propriedades estão relacionadas. Neste capítulo serão introduzidas relações entre as propriedades que são relevantes para aplicação em engenharia termodinâmica. A apresentação começa com o princípio do estado, o qual está intimamente ligado com as relações entre as propriedades dos sistemas.
 

3.1. O Princípio do Estado

Estado para um sistema em equilíbrio é descrito pelo valor de suas propriedades termodinâmicas. Pela observação dos sistemas termodinâmicos, é conhecido que nem todas essas propriedades são independentes uma das outras. O estado é definido pelo valor das propriedades independentes. Os valores de todas as outras propriedades são obtidos a partir dos valores dessas propriedades independentes.

Baseado em consideráveis evidências experimentais, pode ser concluído que há uma propriedade independente para cada meio que a energia do sistema pode variar de modo independente. No capítulo 2, vimos que a energia de um sistema fechado pode ser alterada de modo independente por transferência de calor ou trabalho. Assim uma propriedade independente pode ser associada com a transferência de calor como um meio de variação de energia do sistema, e uma outra propriedade independente pode ser contada para cada modo relevante através do qual a energia do sistema pode variar por trabalho. Assim, baseado em evidência experimental, pode ser estabelecido que o número de propriedades independentes para sistemas sujeitos às limitações acima é um (1) mais o número de interações relevantes na forma de trabalho.

Este é o princípio do Estado. A experiência indica também que para contar o número de interações de trabalho relevantes, é suficiente considerar somente aquelas que ocorrem quando o sistema passa por um processo quasiestático.

O termo sistema simples é utilizado quando há somente um (1) meio através do qual a energia varia de modo relevante pelo trabalho enquanto o sistema passa por um processo quasiestático. Assim contando uma propriedade independente para a transferência de calor e outra para o trabalho realizado no processo quasiestático, pode se dizer que duas propriedades independentes são necessárias para fixar o estado de um sistema simples.

Duas propriedades independentes definem o estado.

Pressão, energia interna específica e todas as outras propriedades intensivas podem ser determinadas como funções de T e v.

P = p(T, v); u = u(T, v)

 

3.2. Relação P - v - T

A partir dos experimentos se observa que temperatura e volume específico são propriedades independentes, e a pressão pode ser determinada em função dessas duas: p = p(T,v). O gráfico dessa função é uma superfície, normalmente chamada de superfície P-v-T.
 

3.2.1. Superfície P - v - T

  • Diagramas
  • Regiões
  • Sólido - fase única.
  • Líquido - fase única.
  • Vapor - 2 propriedades independentes (p,v, ou T definem o estado)

  • Duas fases
    líquido - vapor
    sólido - líquido
    sólido - vapor.
    Pressão e temperatura são
    propriedades dependentes.
  • Linhas de Saturação
  • "Domo"
  • Ponto crítico: Ponto de encontro das linhas de líquido saturado e de vapor saturado.
  • Pressão crítica = Pc
  • Temperatura crítica = Tc
  • Volume específico crítico

  •  

    3.2.2. P, v, T - Projeções planas

    Diagramas de Fase: Fig. 3.1b e Fig. 3.2b (ref.1).

    Ponto triplo

  • Temperatura: Tpt = 273,16 K
  • Pressão: Ppt = 0,6113 kPa
  • Água = 7 formas cristalinas diferentes (gelo)

    P - v - Diagrama: Fig. 3.1c e Fig. 3.2c (ref.1).
    Muito útil para esquematizar a solução de problemas.

    T - v - Diagrama: Figura 3.3 (ref.1).
     

    3.2.3 - Mudança de Fase.

    É instrutivo estudar alguns eventos que ocorrem com uma substância pura que experimenta uma mudança de fase, pois será de grande valia para todos os estudos seguintes. (ver transparências manuscritas).
     

    3.3 - Propriedades Termodinâmicas.

    As propriedades termodinâmicas para uso em engenharia são apresentadas em várias formas, incluindo gráficos, tabelas e equações. Adicionalmente, valores de propriedades termodinâmicas para um crescente número de substâncias estão disponíveis em programas para micro-computadores. Como a utilização de tabelas ainda é muito mais frequente por ser mais disponível será dado ênfase ao seu uso por representar um treinamento importante.
     

    3.3.1 - Pressão, Volume Específico e Temperatura.

    Tabelas de líquido e vapor. Propriedades do vapor d'água superaquecido são mostradas na Tabela A-4 e para a água comprimida (líquido comprimido) estão na Tabela A-5. Como pressão e temperatura são propriedades independentes nas regiões de fase simples, elas podem ser usadas para identificar os estados nessas regiões.

    Tabelas de Saturação. As tabelas A - 2 e A - 3 (ref.1), listam os valores das propriedades para os estados de líquido saturado e vapor saturado.

    O volume específico para uma mistura bifásica de vapor e líquido pode ser determinado usando as Tabelas de Saturação e a definição de título:

    título = x = mvap / (mvap + mlíq)

    Como na região de saturação, todo o líquido está na situação de líquido saturado e todo vapor está na situação de vapor saturado:

    Vlíq = mlíqvlíq e Vvap = mvapvvap

    v = V / m = Vlíq / m + Vvap / m

    v = (mlíq / m).vlíq + (mvap / m).vvap

    Introduzindo a definição de título dada acima, o volume específico pode ser calculado por:

    v = (1 - x).vlíq + x.vvap = x.(vlíq - vvap)

    Para acompanhar a notação utilizada no livro texto, vamos representar os subscritos da fase vapor por (g) ao invés de (vap) e da fase líquida por (f) ao invés de (liq). O aumento do volume específico da fase líquida para a fase vapor é comumente representado como volume específico de mudança de fase por:

    vfg = vg - vf

     

    3.3.2. Energia Interna Específica e Entalpia

    Em muitos processos termodinâmicos aparece a soma da Energia Interna e do produto P V (Pressão e Volume). Essa combinação constitui uma propriedade denominada entalpia:

    U + P.V = H (entalpia)
    u + P.v = h (entalpia específica)
    ubarra + P.vbarra = hbarra (entalpia específica / base molar)

    Regiões de Saturação: Para a região do "domo", onde as fases líquida e vapor estão presentes, a energia interna e a entalpia são calculadas com o auxílio do título.

    De forma análoga do cálculo do volume específico, tem-se:

     
      EXEMPLO 3.1
    Determinar a energia, e a entalpia, para o R-12 nas seguintes condições:

    1. T = 12 ºC; u = 111,07 kJ/kg

    Determinar a energia, e a entalpia, para a água na seguinte condição:

    1. P = 0,1 Mpa; u = 2537,3 kJ/kg

    Solução:

    Em 1) T = 12 ºC, u= 11,07 kJ/kg

    Da Tab. A.7,

    Uf = 46,93 kJ/kg
    ug = 175,2 kJ/kg -> portanto temos o estado intermediário entre a saturação do R-12 líquido e do R-12 vapor

    hf = 47,26 kJ/kg (saturação)
    hg = 192,56 kJ/kg (saturação)

    hg = uf + x.(ug - uf) (1)

    x = (u - uf) / (ug - uf) = 0,5

    h = (1 - x).hf + x.hg (2)

    De (2), h = 119,91 kJ/kg

    Tab. A.7 - P = 4,4962 bar

    vf = 0,737 . 10-3 m3/kg
    vg = 10-3 m3/kg

    hf = uf + P.vf (3)

    De (3), hf = 47,36 kJ/kg
    De (1), hg = 195,26 kJ/kg (próximo de 192,56 kJ/kg)

    Resposta 1: h = 119,91 kJ.
    _____________________________________________________________

    Em 2) P = 0,1 Mpa; u = 2537,3 kJ/kg

    Tab. A3 - Propriedade da água saturada.

    P = 0,1 Mpa = 1,0 bar
    T = 99,63oC
    uf = 417,36 kJ/kg
    ug = 2506,1 kJ/kg -> u > ug, portanto vapor superaquecido.

    Tab. A4 - Vapor superaquecido.

    P = 1,0 bar
    T = 120 ºC
    u = 2537,3 kJ/kg
    h = 2716,6 kJ/kg
    v = 1,793 m3/kg

    Resposta 2: h = 2716,6 kJ.

    Comentários

    Estados de Referência e Valores de Referência:

    Para Água
    Para Refrigerantes
    T = 0,01 ºC
    T = -40 ºC
    uf = 0,0 kJ/kg
    hf = 0,0 kJ/kg
    h = u + p.v
    u = h - p.v

     

     
      EXEMPLO 3.2
    Um tanque rígido bem isolado tem vapor d'água saturado a 100 ºC, e um Volume de 0,1 m3. O vapor é agitado rapidamente até que a pressão atinja 1,5 bar.
    Determine a temperatura do estado final e o trabalho realizado durante o processo.

    Solução:

    Hipóteses:

    1. A água é o sistema fechado
    2. Os estados inicial e final são estados de equilíbrio: KE = PE = 0
    3. Q = 0
    4. V = constante

    1a Lei:
    DeltaE = Q - W -> DeltaU + DeltaKE + DeltaPE = Q - W
    Como DeltaPE = DeltaKE = Q = 0 -> DeltaU = -W

    Logo, W12 = -m.(u2 - u1) (1)

    Tab. A.2. - T = 100 ºC

    P = 1,014 bar
    uf = 418,94 kJ/kg
    ug = 2506,5 kJ/kg
    vg = 1,673 m3/kg Tab A.4. - P = 1,5 bar

    vg = v = 1,673 m3/kg

    Interpolação na tabela A4 (Tb = 240 ºC; Ta = 280 ºC; v = 1,673 m3/kg) T - Ta = (Tb - Ta).(va - v) / (va - vb) (2)

    De (2), T = 272,96 ºC

    Para determinar u2, vamos interpolar usando o vc

    ua - u = (ua - ub).(v - va) / (vb - va) (3)

    De (3), U2 = 2767,79 kJ/kg

    m = V / v (4)

    De (1)(4), W12 = -15,62 kJ

    Resposta: T = 272,96 ºC e W12 = -15,62 kJ
     

     
      EXEMPLO 3.3
    A água contida num conjunto Pistão - cilindro passa por dois processos em série, a partir de um estado inicial onde P = 10,00 bar, T = 400 ºC.

    Processo 1 - 2: A água é resfriada a pressão constante até se tornar vapor saturado a P = 10,00 bar.
    Processo 2 - 3: A água é resfriada a volume constante até 150 ºC.

    1. Esquematize os processos em diagramas Pv e Tv.
    2. Para o processo como um todo, Determine o trabalho envolvido kJ/kg
    3. Para o processo como um todo, determine o calor transferido. (kJ/kg).

    Solução:

    Caso 1.

    Caso 2.

    Caso 3.


     


     

    3.3.3. Calores específicos a volume constante e a pressão constante

    Cv, Cp: Propriedades derivadas da energia interna e da entalpia.


     

    3.3.4. Aproximações para determinar as propriedades usando as tabelas de líquido saturado.


     

    3.3.5. Modelo de Substância Incompressível.

    Como observado, existem regiões onde o volume específico da água líquida varia muito pouco e a energia interna específica varia principalmente com a temperatura.
    O mesmo comportamento geral é exibido por outras substâncias nas suas fases líquida e sólida. Essa substância idealizada é chamada de incompressível.
    Para essa substância a energia interna específica depende somente da temperatura e o calor específico é também somente função da temperatura.

    Cv(T) = du / dT (incompressível)

    A entalpia varia com a pressão e com a temperatura.

    Assim, para uma substância incompressível;

    Cp = Cv = C (incompressível)

    Para intervalos de temperatura não muito grandes, a variação de c pode ser pequena e nesses casos o calor específico pode ser tomado como constante, sem perda apreciável de precisão.

    Para c = constante,

    u2 - u1= c.(T2 - T1)
    h2 - h1= c.(T2 - T1) + v.(p2 - p1)
     

    3.4. Relações P - v - T para gases.

    Úteis para avaliar sistemas na fase gasosa.
     

    3.4.1 - Constante Universal dos Gases.

    O Pistão pode se mover para a obtenção de vários estados de equilíbrio à mesma temperatura.

    Para cada estado de equilíbrio são medidos: a Pressão e o volume específico. Com os resultados é construído o seguinte gráfico:

    vbarra = Volume Específico Molar

    Quando P -> 0, para todas as temperaturas, o limite tende a Rbarra, independentemente do gás utilizado.

    Rbarra = Constante Universal dos Gases

    Seu valor é: 8,314 kJ/kmol.K; 1,986 Btu/lbmol.ºR; 1545 lbf.ft/lbmol.ºR
     

    3.4.2. Fator de Compressibilidade (Z)

    Z = P.vbarra / Rbarra.T (adimensional)

    vbarra = M.v, M = Peso Atômico / Peso Molecular

    R = Rbarra / M.

    Z = P.v / R.T (adimensional)

    Z = Fator de compressibilidade

    Z = 1 + B^(T).p + C^(T).p2 + D^(T).p3 + ...

    Z = 1 + B(T) / vbarra + C(T) / vbarra2 + D(T) / vbarra3 + ...

    Essas equações são conhecidas como expansões viriais e os coeficientes B^, C^, D^ e B, C, D são os coeficientes viriais, e pretendem representar as forças entre as moléculas.

    B^.p B / vbarra = interação entre duas moléculas.
    C^.p2 C / vbarra2 = interação entre três moléculas.
    D^.p3 D / vbarra3 = interação entre quatro moléculas.
    e assim por diante.

    Obs: ^ não é potência
     

    3.4.3. Gráfico de Compressibilidade Generalizada

    Os gráficos do fator de compressibilidade são similares para os vários gases. Efetuando-se modificações adequadas nos eixos coordenados é possível estabelecer relações quantitativas similares para os vários gases.

    Isso é referido ao "princípio dos estados correspondentes".

    Dessa maneira, o fator de compressibilidade é colocado num gráfico versus uma Pressão Reduzida e uma temperatura reduzida, definida como:

    Pr = P / Pc e Tr = T / Tc

    Cartas mais apropriadas para solução de problemas são apresentadas nas Fig. A - 1, A - 2 e A - 3 do Apêndice.

    Os valores obtidos destas cartas são aproximados e, se os cálculos exigirem grande precisão, será necessário lançar mão de tabelas específicas ou softwares para cálculo.
    O erro máximo é da ordem de 5% e para a maioria das faixas de pressão e temperaturas é bem menor.

    Nessas cartas o volume específico reduzido vr = vbarra / vcbarra é substituído pelo pseudo volume específico crítico vr' = vbarra / (Rbarra.Tc / Pc).

    Essas cartas não fornecem bons resultados nas proximidades do ponto crítico. Isso pode se contornado restringindo as correlações para substâncias com o mesmo Zc:

    Z = f(Tr, Pr, Zc)

     
      EXEMPLO 3.4
    Uma quantidade fixa de vapor d'água inicialmente a 20 MPa, T = 520oC é resfriada a volume constante até a temperatura de 400oC. Usando as cartas de compressibilidade, determine:

    1. O volume específico do vapor d'água, em m3/kg para o estado inicial.
    2. A pressão em MPa no estado final.
    3. Compare os resultados de 1. e 2. com aqueles obtidos das tabelas de vapor, A-4.

    Solução:

    Em 1)

    Tab. A.1

    Mágua = 18,2
    Tc = 647,3 K
    Pc = 220,9 bars

    Zc = Pc.vc / R.Tc = 0,233

    Calculando, Tr1 = 1,23
    Calculando, Tr2 = 1,04

    Calculando, Pr1 = 0,91

    Z = 0,83

    Utilizando as equações do capítulo, obtemos:

    v = Z.Rbarra.T / M.P

    v = 0,0152 m3/kg -> compressibilidade generalizada
    v = 0,01551 m3/kg -> Tabela de vapor A - 4

    Resposta 1: v = 0,0152 m3/kg.
    _____________________________________________________________

    Em 2)

    vr' = 1,12
    Tr = 1,04
    Pr2 = 0,69 Carat E3 - 4 P = Pc.P = 15,24 Mpa
    P = 15,16 MPa -> Tabela de Vapor

    Resposta 2. P = 15,24 Mpa.
     


     

    3.5. Modelo de Gás Ideal

    Considerando os dados de compressibilidade generalizada pode ser visto que:

    z~1 Pr <= 0,05
    ou
    Tr >= 15
     
    z~1 2 <= Tr <= 3
    Larga faixa de Pr

    02 Tc = 154 K; Pc = 50,5 bars
    N2 Tc = 126 K; Pc = 33,9 bars

    Z = P.v / R.T = 1 -> Gás Ideal.

    P.v = RT

    Como v = V / m = V.M / n -> P.V = m.R.T ou P.V = n.Rbarra.T

    Para o Gás Perfeito:

  • u = u (T) -> função só da temperatura se Z = 1
  • h = h (T) = u (T) + R.T
  • Lembrar sempre que o modelo de gás ideal é muito bom quando Z 1 e que não fornece resultados aceitáveis para todos os estados, e deve ser utilizado como uma aproximação para os casos reais.
     

    3.5.1. Energia Interna, Entalpia e Calor Específico para Gás Ideal

    Z ~ 1 -> gás ideal, com Z = P.v / R.T

    Energia interna e calor específico a volume constante:

    cv(T) = du / dT -> du = cv(T).dT

    Entre dois estados (1) e (2)

    Entalpia e cp

    cp(T) = dh / dT -> dh = cp(T).dT

    Entre dois estados (1) e (2)

    h(T) = u(T) + R.T -> dh / dT = du / dT + R

    cp(T) = cv(T) + R

    cp(T) > cv(T)

    Assim, a razão entre os calores específicos Cp e Cv é função somente da Temperatura:

    k = cp(T) / cv(T) > 1

    Combinando as equações:

    cp(T) = k.R / (k - 1)

    cv(T) = R / (k - 1)

    Os valores de Cp e Cv variam com a temperatura e são disponíveis para a maioria dos gases de interesse. Para os gases mono-atômicos Ar, He, Ne, a razão cpbarra / Rbarra é praticamente constante , valor = 2,5 (Ar, Ne, He).

    Para os demais gases, os valores de cpbarra podem ser obtidos de tabelas ou expressões:

    cpbarra / Rbarra = alfa + beta.T + gama.T2 + delta.T3 + epsilon.T4

    onde alfa, beta, gama, delta, epsilon são listados na Tab. A-15 para vários gases na faixa de temperaturas entre 300 e 1000 K.

     
      EXEMPLO 3.5
    Determine a variação da entalpia específica para vapor d'água, do estado (1) T1 = 400 K e P1 = 0,1 MPa até o estado (2) T2 = 900K P2 = 0,5 MPa, usando:

    1. Tabela de vapor
    2. Integração usando o modelo do calor específico para gás ideal cpbarra / Rbarra = alfa + beta.T + gama.T2 + delta.T3 + epsilon.T4, com os coeficientes alfa, beta, gama, delta, epsilon da Tab. A-15.
    3. Repetir 1. e 2. para o estado final.

    Solução:

    Em 1) Da Tab. A-4 por interpolação:

    h1 = 2730,5 kJ/kg
    h2 = 3762,2 kJ/kg

    Deltah= 1031,7 kJ/kg

    Resposta 1: Deltah = 1031,7 kJ/kg
    _____________________________________________________________

    Em 2) Sabendo que:

    Deltah = Integral(2, 1, cp(T).dT) (1)
    cp = cpbarra / M (2)
    R = Rbarra / M (3)
    cpbarra / Rbarra = alfa + beta.T + gama.T2 + delta.T3 + epsilon.T4 (4)

    Temos combinando (1)(2)(3)(4), Deltah = 1025,0 kJ/kg Deltah= 1031,7 kJ/kg

    Resposta 2: Deltah = 1025,0 kJ/kg
    _____________________________________________________________

    Em 3)

    T1 = 400 K; P1 = 0,1 MPa; h1 = 2730,5 kJ/kg
    T2 = 900 K; P2 = 10 MPa; h2 = 3691,7 kJ/kg

    Deltah = 961,2 kJ/kg

    Por integração (Deltah = Integral(2, 1, cp(T).dT))

    Deltah = 1025,0 kJ/kg

    Resposta 3: 3-1 Deltah = 961,2 kJ/kg; 3-2 Deltah = 1025,0 kJ/kg
     


     

    3.5.2. Tabelas de Gás Ideal

    Para os gases mais comuns, avaliações de valores de energia interna específica e de entalpia são facilitados pelo uso de tabelas de gases ideais.

    A determinação da entalpia é obtida pela equação:

    Onde Tref = temperatura arbitrária e h(Tref) = entalpia

    As tabelas A-16 a A-22 são baseadas em Tref = 0 K e h(0) = 0

    Para essas temperaturas e entalpia de referências:

    A energia interna foi tabulada a partir dos valores de entalpia usando:

    u = h - R.T

    Esses valores podem também ser obtidos através de programas de computador.
     

    3.5.3. Hipótese de calores específicos constantes

    Deltau = Cv.(T2 - T1)
    Deltah = Cp.(T2 - T1)

    Os valores de Cv e Cp constantes são os valores médios obtidos de:

     
      EXEMPLO 3.6
    Determine a variação da entalpia específica do vapor d'água do estado 1 a T1= 400 K e P1 = 0,1 MPa até T2 = 900 K e P2 = 0,5 MPa, usando a tabela de gás ideal para vapor d'água.
    Compare os resultados com as partes a e b do exemplo 3.5

    Solução:

    Tab. A-19 Pg. 725

    h1barra = 13356 kJ / kmol
    h2barra = 31828 kJ / kmol

    h1 = 741,18 kJ / kg
    h2 = 1766,26 kJ / kg

    Deltah =1025,08 kJ / kg

    No exemplo 3.5 : 1. Deltah = 1031,7 kJ / kg; 2. Deltah = 1025,0 kJ / kg
     

     
      EXEMPLO 3.7
    Dois tanques são conectados através de uma válvula. Um dos tanques contem 2 kg de CO a 77 ºC e P = 0,7 bars. O outro tanque tem 8 kg de CO a 27 ºC e P = 1,2 bars.
    A válvula á aberta permitindo que o CO se misture enquanto recebe energia do ambiente. A temperatura final de equilíbrio é 42 ºC. Usando o modelo de gás Ideal determine:

    1. A a pressão de equilíbrio em bars
    2. O calor transferido para o processo em kJ.

    Solução:

    Hipóteses:

    1. A massa total de CO é o sistema
    2. O CO é tratado como gás ideal
    3. O gás em cada tanque está inicialmente em equilíbrio. O estado final é um estado de equilíbrio
    4. Não há realização de trabalho
    5. DeltaKE = DeltaPE = 0

    Em 1)

    Pelas condições dadas é possível determinar os volumes totais dos tanques 1 e 2, nas condições iniciais.
    Supondo que os tanques sejam rígidos, o volume final será igual ao inicial Vf = V1 + V2 e assim é possível determinar o volume específico final, de forma que:

    Logo: Pf = 1,05 bars

    Resposta 1: Pf = 1,05 bars
    _____________________________________________________________

    Em 2)

    O calor transferido pode ser obtido por um balanço de energia:

    DeltaU = Q - W, como W = 0 , DeltaU = Q

    Como DeltaU = Uf - Ui e
    Uf = (m1 + m2).u(Tf)
    Ui = m1.u(T1) + m2.u(T2)
    u(Tf) - u(T1) = cv.(Tf - T1)
    u(Tf) - u(T2) = cv.(Tf - T2)

    Temos, Q = m1.cv.(Tf - T1) + m2.cv.(Tf - T2)

    Cv -Tabela A - 14 - Pg. 717

    Tomando o valor médio para Cv entre T = 300 e 350, temos Cv = 0,745 kJ/kg.K

    Logo: Q = 37,25 kJ

    Resposta 2. Q = 37,25 kJ
     


     

    3.5.4. Processo Politrópico para um gás ideal

    Descrito por P.Vn = constante, com n = constante

    Entre 2 estados 1 e 2:

    P1.V1* = P2.V2* = P1 / P2 = (V1 / V2)*

    n pode variar de - infinito a + infinito , dependendo do processo.

    n = 0 Processo isobárico P = constante
    n = + - infinito Processo isométrico V = constante

    TRABALHO

    Essas equações se aplicam para qualquer gás (ou líquido) em um processo politrópico.
    Quando o comportamento de gás ideal é apropriado podem ser obtidas as seguintes equações.

     

      Capítulo 3 de 6