EM 335 - Tecnologia Mecânica
Prof. Responsável: Dr. Sérgio Tonini Button - DEMA - Bloco EE2
Grupo:
Felipe M. Garcia Mihi
Fernando H. M. Sbompatto
Gustavo Stella Fray
Vitor Schioser
Danilo Niciolli
Resumo
No ambiente de consórcio modular, os parceiros são responsáveis pela execução das operações ao longo da linha de montagem. Desta forma cada parceiro deve também especificar os processos, ferramentas e controles utilizados.
O sistema de planejamento de processo deve garantir informações precisas e padronizadas sobre o fluxo de produção, operações a serem executadas, ferramentas e peças utilizadas, os controles necessários e informações visuais da operação a ser realizada, que podem ser fotos ou desenhos em uma base de dados única e acessível por todos os parceiros.
A
competitividade cada vez mais acirrada e globalizada tem forçado as empresas a
desenvolver produtos com maior qualidade em um menor tempo. Para isto, elas
passaram a utilizar tecnologia de ponta na manufatura de seus produtos, que
envolve desde a concepção do produto até sua efetiva produção.
As
ferramentas mais conhecidas e utilizadas são CAE, CAD, CAM e sistemas PDM.
Existe uma lacuna entre o CAD e o CAM, que é a geração de planos de processo
(ou roteiros de fabricação, planos de fabricação, entre outras denominações).
O plano de processo é vital para uma série de departamentos da empresa, e a
atividade de confeccioná-lo e mantê-lo atualizado é um gargalo em muitas
empresas.
Os
planos de fabricação envolvem em muitos casos o conceito de consórcio
modular. Neste conceito diversos parceiros interagem de forma a executarem todas
as operações necessárias para a montagem de um produto. Como as operações
de montagem e controles serão executadas por empresas diferentes, com culturas
diferentes, torna-se necessário padronizar a especificação dos processos de
fabricação.
Em
modelos modulares a questão fundamental é a coordenação entre empresas
compradoras e fornecedoras, pois em seu conceito os parceiros trabalham dentro
da planta da montadora, nos seus respectivos módulos. É de responsabilidade do
parceiro a montagem do módulo e a conexão deste módulo na linha de montagem
final. Cada parceiro deve prover recursos materiais, peças e subconjuntos
necessários na montagem, e os recursos humanos que atendam às necessidades e
aos objetivos de qualidade estabelecidos pela montadora.
A
montadora é responsável pelo planejamento do produto, marketing, vendas e pós-vendas,
desenvolvimento do produto e pela liberação final do produto e aprovação do
planejamento de sistemas de qualidade de cada módulo e da fábrica como um
todo.
Como
principais vantagens, o consórcio modular permite a redução nos custos de
produção e investimentos. Diminui ainda os estoques e o tempo de produção,
aumentando a eficiência e produtividade, além de tornar mais flexível a
montagem.
A
integração dos parceiros no processo produtivo permite o entendimento das
implicações de seus serviços no produto final, contribuindo com soluções
para a melhoria da produtividade, redução de custos e aumento da qualidade.
O
modelo modular então vai adiante da mera terceirização, delegando a
fornecedores a responsabilidade pela engenharia e produção de sub-montagens
internas. Fornecedores projetam um módulo, fazendo algumas de suas centenas de
peça e terceirizando outras. Eles estabelecem operações próximas ou mesmo
dentro da operação da montadora e entregam módulos de forma correta para
montagem do produto final, onde funcionários da empresa montadora ou do próprio
fornecedor de módulos “parafusam-nos” formando o produto final.
As
relações entre comprador e fornecedor, nesse modelo, passam a apresentar as
seguintes características:
-
o alargamento da duração dos acordos entre firmas;
-
uma nova repartição de tarefas entre os contratantes e fornecedores;
-
intensificação de intercâmbio de informações tecnológicas e
mercadológicas entre os agentes;
-
uma redução do numero dos fornecedores diretos;
-
intensificação de praticas mais cooperativas e mais interativas.
Esta
relação tem significado para o setor uma “cadeia totalmente integrada”. A
montadora e os seus fornecedores trabalham conjuntamente no desenvolvimento dos
produtos, na determinação dos preços (target) e no estabelecimento das suas
taxas de redução. Assim, passam a ser observados novos arranjos produtivos que
atribuem maior importância a proximidade e o surgimento de condomínios industriais e consórcios modulares.
Condomínio
industrial
é uma configuração em que alguns fornecedores, escolhidos pela montadora,
estabelecem suas instalações nos arredores da planta da montadora e passam a
fornecer componentes ou subconjuntos completos. Este sistema é vantajoso
principalmente para aqueles componentes de alto custo logístico. Entre tanto, a
opção pelo fornecimento em subconjuntos enseja a utilização do sistema just-in-sequence
(just-in-sequence é uma variação do sistema just-in-time em que as entregas
ocorrerem não somente no momento correto, mas também na seqüência correta
determinada pelo programa de produção).
Consórcio
modular
é uma forma extrema de condomínio industrial em que os fornecedores de
subconjuntos se localizam no terreno da montadora. O consorcio modular foi
criado com o objetivo de transmitir aos fornecedores a responsabilidade pela
montagem na linha de produção de todos os componentes
dos produtos, conseguindo assim uma redução nos custos e estoques. Não
há funcionários da montadora na linha de montagem e os investimentos neste
setor são compartilhados entre montadora e fornecedores (modulistas). Neste
caso, modulistas e montadora convivem numa mesma planta.
Conforme
apresentado acima, a proximidade das instalações dos fornecedores é
fundamental, pois, reduz os custos logísticos e permite melhor gestão dos
custos de estoques e de capital de giro por parte das montadoras e das indústrias
de autopeças. Como os fornecedores de primeira linha tendem a entregar
subconjuntos e não mais componentes isolados, a importância da proximidade é
ainda maior, inclusive para fornecedores cujo componente originalmente fabricado
não possui altos custos de transporte.
Além
disso, a introdução da lógica just-in-time
(entre montadoras e fornecedores
de peças – e, mais recentemente, também do just-in-sequence,
torna a proximidade ainda mais
estratégica, visto que proporciona um relativo aumento da confiabilidade de
entrega no tempo e na seqüência correta).
O
relacionamento entre os
fornecedores e montadoras vem apresentando as seguintes característica:
-
Redução
do número de componentes fabricados dentro das montadoras: As
montadoras vêm se concentrando em desenho, montagem e distribuição. No
entanto, determinados componentes continuam a ser fabricados internamente, por
envolverem uma tecnologia estratégica ou terem uma logística complicada.
-
Consolidação
de uma plataforma base para desenvolvimento: Envolve
a redução do número de plataformas e a sua utilização em vários modelos
das montadoras e suas subsidiárias. Essa definição de plataforma e o
compartilhamento por vários modelos são aspectos muito relevantes para o setor
de peças, pois permitem ganhos de escala e racionalização de custo e tempo.
-
Consolidação
da base de primeira linha (first tier):
A
simplificação de compra é um dos maiores benefícios buscados, o que se dá
pela identificação de fornecedores-chave e envolve o estabelecimento de metas
de redução de custos e o aumento de melhorias e de desenvolvimento. Os
fornecedores envolvidos no desenvolvimento do produto são alocados em centros
especializados e devem estabelecer unidades em todos os lugares onde for
produzido aquele produto.
-
Redução
progressiva no número de fornecedores:
Os
fornecedores tornaram-se maiores em termos de escala, financeiro, geográfico e
do papel que assumem. Alguns segmentos são dominados por poucos fornecedores,
os quais, por sua vez, vêem também simplificado o seu processo de compras e
reduzindo o número de empresas fornecedoras.
-
Surgimento
de megafornecedores: Em
função dessa transferência e da busca de fornecimento de produtos de valor
agregado cada vez mais elevado, verificam-se um conjunto de outras empresas,
buscando fornecer sistemas cada vez mais abrangentes.
-
Política
de fornecedor único: Aplica-se
àqueles produtos principais de um determinado modelo, o qual deve prover
desenho, engenharia, testes e acompanhar a montadora nas diversas regiões. Em
geral, os contratos vigem pelo prazo da vida útil do produto, assim como pode
haver um volume mínimo necessário para possibilitar uma escala de produção
globalmente competitiva.
-
Alteração
na forma de produzir: A
montagem de componentes passa para montagem de módulos, o que altera também o
papel das empresas fornecedoras quanto ao desenho, à produção e à entrega.
O
processo modular traz conseqüências para os fornecedores, tais como:
-
Contínua pressão para redução de preços, embora sua intensidade seja
função do poder do fornecedor, por sua vez dependente do produto fabricado, da
influência sobre a montadora e do estágio de concorrência do mercado.
-
Interdependência crescente com as montadoras.
-
Necessidade de combinar componentes individuais em sistemas e módulos, o
que implica, além da capacitação técnica, custo e capacitação de
gerenciamento de uma rede de fornecedores, seleção e definição de empresas
em outras regiões onde for ser produzido o modelo para o qual fornece.
Dependendo da estruturas do parque ofertante do país, esta pode ser uma tarefa
complexa, sendo também comum ao sistema de entrega e produção de módulos nas
plantas de fabricação.
-
Internacionalização da base fornecedora, que ocorre à medida que os
fabricantes estabelecem operações internacionais e trabalham com fornecedores
que são parte central do esquema de produção da montadora e fornecem a
maioria dos seus sistemas.
-
Gastos crescentes em pesquisa e desenvolvimento voltados para as questões
centrais atuais, como meio ambiente e tecnologia de informação.
-
Grande número de aquisições e acordos, o que deve continuar em função
da integração dos departamentos de compras das montadoras após os processos
de aquisição e fusão que vêm na indústria.
O sistema de manufatura modular agrega a maioria das vantagens da integração vertical, como eficiência em planejamento, coordenação direta entre as partes, redução de custos de transação (diminuição de renegociações), e unidade de propósito, já que as empresas se relacionam cooperativamente em prol da eficiência de sua rede de suprimentos, sendo mais eficientes que arranjos puramente integrados. Além disto, este modelo agrega também algumas vantagens da subcontratação, como tamanho eficiente para cada atividade (escala eficientes), motivação máxima e agilidade em responder a novas demandas. O sistema entrega os produtos e serviços finais mais eficientemente porque cada uma das atividades do sistema contribui com desempenhos eficientes, e os custos de coordenação de toda operação são gerenciados da melhor e mais eficiente maneira. Cada atividade pode ser executada por diferentes empresas, que trabalham em conjunto com o elo principal da cadeia, a empresa responsável pelo gerenciamento da rede.
A
base de todo o sucesso do relacionamento entre as empresas neste modelo é a
cooperação, o que não é muito diferente quando se considera apenas uma
empresa, que também é dependente da cooperação entre os funcionários e suas
diferentes unidades.
[1] Disponível em <http://www.vanzolini.org.br/publica/boletim43/43pg5.pdf> acessado em 19/03/2004.
[2] Disponível em <http://www.numa.org.br/artigos_visualizacao/mm98_3_CAPP_VW/Mm98_3.html> acessado em 19/03/2004.
[3] CORRÊA, L. H. Os modelos modulares de gestão de redes de suprimentos, São Paulo: FGV, Núcleo de pesquisas e publicações, 2001.
[4] LIMA, C. L., et. All. Fornecedores da Ford: Uma Avaliação Preliminar das Oportunidades de Investimento na Bahia, Bahia: Desenbahia, 2002.