HORIZONTALIZAÇÃO E VERTICALIZAÇÃO
Conceitos:
Verticalização:
é a estratégia que prevê que a empresa produzirá internamente tudo o que puder,
ou pelo menos tentará produzir. Foi predominante no início do século, quando as
grandes empresas praticamente produziam tudo o que usavam nos produtos finais.
É definida como uma estratégia em que a empresa “faz tudo”. A verticalização
era decorrente da preocupação em manter o controle sobre as tecnologias de
processo, de produtos e negócios (segredos industriais), entre outras. Porém, o
elevado número de atividades realizado internamente acarretou problemas
gerenciais devido ao aumento do porte da empresa, e atividades não ligadas
diretamente ao negócio principal, com conseqüências para a perda da eficiência
e o aumento do custo de produção. A horizontalização passou a ser uma opção
para a manutenção da competitividade das empresas.
Horizontalização:
consiste na estratégia de comprar de terceiros o máximo possível dos itens que
compõem o produto final ou os serviços de que necessita. É tão grande a
preferência da empresa moderna por ela que, hoje em dia, um dos setores de
maior expansão foi o de terceirização e parcerias. De um modo geral não se
terceiriza os processos fundamentais (core process), por questões de detenção
tecnológica, qualidade do produto e responsabilidade final sobre ele. Pode ser
definida como uma estratégia em que a empresa “faz bem algumas coisas”.
Vantagens e desvantagens:
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Horizontalização |
Verticalização |
Vantagens |
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redução de custos -
flexibilidade para definir
volumes de produção -
engenharia simultânea (know how
dos fornecedores) -
foco no principal produto da
empresa |
-
independência de terceiros -
maiores lucros -
maior autonomia -
domínio sobre tecnologia
própria |
Desvantagens |
-
menor controle tecnológico -
deixar de auferir lucros do
fornecedor -
alta dependência de terceiros -
demissões na fase inicial -
perda do vinculo para e com o
empregado |
-
maior investimento -
menor flexibilidade (perda de
foco) -
aumento da estrutura da empresa |
Exemplos:
Horizontalização:
1. Caso da Bosch Rexroth – Pomerode:
unidade fabril objeto
de estudo situa-se na cidade catarinense de Pomerode, sendo uma das unidades
fabris da empresa multinacional de origem alemã Bosch Rexroth. A Empresa atua
nas áreas de automação e hidráulica móbil, oferecendo alta tecnologia sob o
lema “The Drive & Control Company”, em seis unidades de negócios:
hidráulica industrial, pneumática, controles e comandos elétricos, movimentação
linear e tecnologias de montagem, serviços de automação e hidráulica móbil.
A fábrica Mannesmann
Rexroth era uma unidade fabril do grupo Mannesmann e suas instalações
situavam-se em Diadema, São Paulo. Em decorrência, principalmente, dos
constantes movimentos de greves dos funcionários das empresas localizadas na
região do ABCD paulista, em 1988 iniciou o processo de saída do estado de São
Paulo.Em 1989 iniciou suas atividades em um galpão alugado na pequena cidade de
Pomerode. Na ocasião 20 pessoas, aproximadamente, foram para Alemanha a fim de
receber treinamento, como também se iniciou o treinamento de pessoas
contratadas na região.
No período de 1960 a
1980, aproximadamente, a fábrica de Diadema produzia tudo internamente em
pequenos lotes e até mesmo lotes unitários. A unidade fabril era muito
verticalizada, de modo que somente alguns processos especiais eram
terceirizados, como a cromagem. No entanto, na década de 90, com abertura da
economia, muitos clientes desapareceram em decorrência de sua possibilidade de
comprar em outros mercados, ou devido à interrupção de suas atividades, de
maneira que a unidade teve que se adaptar a esse novo cenário. Portanto, entre
1991 e 1995 as unidades reduziram o seu quadro de pessoal (downsizing) de 1300
para aproximadamente 400 colaboradores em 1995.
Em 1995, foram
implantadas mini-fábricas na unidade fabril de Pomerode. Setores orientados ao
produto com atuação autônoma formam mini-fábricas dentro da fábrica. Contudo,
neste setor o aumento da competitividade exige grandes investimentos e diante da
escassez de investimentos a unidade de Pomerode optou pela mudança estrutural
de terceirizar algumas operações rotineiras de tecnologia tradicional. Depois
de passar por uma reestruturação significativa com redução de seu quadro
funcional, a unidade foi desafiada pela redução dos preços internacionais dos
seus produtos, o que exigiria mais produtividade e ditaria que para reduzir
seus custos fixos relativos teria que produzir cada vez mais. A decisão foi
restringir a produção própria aos processos mais complexos, e àqueles que fazem
parte de suas competências essenciais (core competencies), transferindo todos
os processos rotineiros de tecnologias menos sofisticadas para terceiros. A
unidade de Pomerode terceirizou peças usinadas, com a finalidade de: reduzir o
custo fixo, mediante: diminuição do quadro de funcionários; diminuição de
investimento na compra de máquinas devido à depreciação, e diminuição de
compras de materiais improdutivos de consumo, etc; reduzir o capital investido;
e reduzir o custo de produção de produtos. As seguintes etapas foram
desenvolvidas no processo de terceirização: definição de peças a serem
terceirizadas; definição de lote de fornecimento, preço e prazo de entrega;
visitas de avaliação do potencial técnico de possíveis fornecedores; seleção de
fornecedores para coleta de orçamentos; definição do fornecedor; autorização
para o fornecimento do lote-piloto; aprovação do lote e do fornecedor; inicio
do fornecimento regular e desativação do processo interno. No processo de
terceirização surgiram algumas dificuldades. A principal delas foi a aprovação
do fornecedor, principalmente em relação à qualidade do item fornecido. No
inicio do processo de terceirização, houve inúmeras resistências internas,
principalmente nos momentos de não atingimento dos objetivos (qualidade, preço
e prazo de entrega). Muitas pessoas defendiam a idéia de que quando se produz
em casa se tem mais flexibilidade e domínio da situação. Em função do sucesso
até então obtido com a terceirização de algumas atividades, a unidade fabril em
estudo pretende continuar a terceirizar, uma vez que as atuais atividades
terceirizadas estão atingindo os objetivos propostos.
2. Outros
exemplos de horizontalização:
http://www.alast.org/PDF/Walter/Tec-Antunes.PDF
Verticalização:
1. Caso da Faber- Castell
Em dois anos, a Faber Castell, maior produtora de lápis do mundo, poderá
dar adeus aos fornecedores de madeira. Nada contra eles. Pelo contrário.
Durante mais de 70 anos de Brasil os parceiros foram fundamentais para a
bem-sucedida trajetória da companhia, a maior subsidiária da Faber no mundo,
com produção de 1,5 bilhão de lápis por ano e vendas de R$ 220 milhões. Só que
em 2004 a empresa conquistará a auto-suficiência no plantio de madeira. Em seus
mais de 10 mil hectares de terra, distribuídos em oito florestas em Prata (MG),
produzirá matéria-prima necessária para atender a sua demanda. “Seremos os
únicos do setor totalmente verticalizados”, diz Jairo Cantarelli, gerente da
divisão madeira da Faber no Brasil.
A filial só alcançou este objetivo depois que criou o Projeto Pinus no
início dos anos 90. Ao contrário do restante da indústria de lápis, que utiliza
principalmente o cedro americano, a Faber brasileira preferiu usar um tipo de
pinheiro, o pinus caribea, para compor os seus produtos. É uma árvore com
madeira macia, que cresce rapidamente – mesmo em condições adversas –
extremamente fácil de replantar. A partir de 2004, segundo Jairo, o projeto
atingirá sua maturidade e a empresa já poderá se considerar auto-suficiente.
Neste processo de plantio, são aproveitados 100% da madeira produzida por mais
de 15 milhões de árvores. Galhos e ponteiras das árvores, que caem no chão, são
usados como adubo; a madeira fina, imprópria para o lápis, é vendida para a
indústria de aglomerados; as sobras de madeira são utilizadas para a geração de
energia e até a serragem é comercializada para granjas. “Tudo é aproveitado”,
diz Cantarelli. Ele só não revela o quanto foi investido nas florestas.
A plantação do pinus é apenas o começo de um ousado
processo de verticalização da Faber. Técnicos contratados
pela empresa encontraram na região de Prata um outro
tesouro que será usado como matéria-prima a partir de 2005. O nome é morototó,
árvore de textura média, madeira macia e crescimento rápido. “Tais projetos,
além de garantir a qualidade de produção e custos competitivos, reforçam o
compromisso da Faber-Castell com a preservação ambiental”, afirma o executivo.
“Plantar nossa própria madeira é a melhor forma de manter as florestas
intactas”.Além disso, em parceria com a Prefeitura de Prata, a empresa
desenvolveu técnicas de prevenção e controle de incêndios florestais,
recuperação de erosões, conservação do solo e qualidade da água e proteção da
fauna. Também se comprometeu a contratar apenas mão-de-obra local para a
extração de madeira. “Ganhamos nós e ganha a comunidade”.
Revista Istoé Quarta-feira, 06 de Novembro de 2002.
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Independência: 15
milhões de árvores e produção anual de 1,5 bilhão de lápis |
2. Caso da Intel:
Intel em busca da verticalização
-- 03/12/2003 --
Empresa quer
garantir que sua tecnologia suporte da melhor forma aplicativos específicos de
cada setor
A Intel já havia anunciado neste ano que se
voltava para a mobilidade com o lançamento da estratégia Centrino, e agora
promete acrescentar ousadia em seus planos. A ordem é considerar as especificidades
de cada setor para seus produtos. “Cada setor precisa de um tipo diferente de
software, e queremos esses aplicativos específicos rodando melhor em Intel”,
afirma John Davies, vice-presidente do grupo de marketing e vendas e diretor do
grupo de desenvolvimento de soluções de mercado, em entrevista exclusiva a IT
Web.
A
Intel tem atualmente forças de vendas com a tarefa de falar com clientes para
entender as necessidades diferentes dos segmentos. “Eles não vendem produtos,
mas ajudam a promover o uso de tecnologias e influenciar no que se pretende
comprar”, explica. Eles também podem ajudar a identificar qual será a próxima
geração de cada área e desenvolver pioneiros na adoção.
Os segmentos de foco são
oito: serviços financeiros, varejo, mídia digital, telecomunicações, governo e
educação, saúde, ciências da vida e energia. Os dois últimos, por exemplo,
podem ser beneficiados com a baixa de custos de computação para pesquisas.
Um setor de especial
interesse é o de varejo, que está se voltando para a utilização de
identificação de freqüência de rádio (RFID), para controlar o que há de mais
delicado no segmento, os inventórios. “A Intel não fará o chip de RFID, mas
pretende estar em outras partes do sistema em volta, como fazer os leitores,
por exemplo”, diz Davies. A empresa já está até estimulando a evolução da
tecnologia ao realizar protótipo, junto com Cisco Systems, SAP e IBM, na
varejista alemã Metro AG.
Segundo
Davies, a importância dos mercados fora dos Estados Unidos também tem
aumentado. “Há 15 anos, 50% dos nossos negócios vinham da América do Norte”,
diz. “Nos últimos tempos os negócios lá continuaram a crescer, mas no resto do
mundo o ritmo foi maior”.
Conclusão:
A busca por competitividade conduz ao surgimento de novas estratégias de produção. A opção por uma ou outra estratégia apresentada dependerá do produto, dos objetivos a serem alcançados com relação a lucros e crescimento e da capacidade de inovar de cada empresa.
Por: Letícia Dias, Manuela Garrido, Marina Dastre, Thais Paiva e Vanessa
De Marco.