Rumford, Benjamin Thompson, Conde de (1753-1814)

Reformista social, inventor e físico anglo-americano, quantificou a relação entre calor e trabalho e fundou a Royal Institution.

Sua vida foi extraordinária. Foi aprendiz em uma loja, professor em tempo parcial, ginasta e estudante de medicina, interessando em máquinas elétricas. Aos 18 anos casou-se com uma senhora viúva muito rica de 30 anos e decidiu tornar-se um cavalheiro militar e fazendeiro. Ele impressionou vivamente seus superiores, e aos 19 anos tinha-se já tornado major. Entretanto novas aventuras o esperavam. A Nova Inglaterra era o centro da Revolução Americana. Sua família vivia lá desde 1630, e ele teria boas perspectivas se apoiasse os revolucionários, no entanto Thompson optou por apoiar a posição legalista, favorável à Inglaterra, e atuou como agente secreto para o Exército Britânico. Não há evidências conclusivas a respeito de sua possível condição de agente duplo, mas em 1776 ele foi suficientemente prudente para abandonar os Estados Unidos, mudando-se para a Inglaterra, onde ele retomou novamente seus interesses científicos, principlamente relacionados a projéteis. Foi eleito Fellow da Royal Society em 1779, e no ano seguinte tornou-se subsecretário de estado no Colonial Office, com 27 anos. Em 1782, procurando o serviço ativo, voltou para a América. Seu desempenho foi satisfatório como soldado e ficou chocado quando a paz foi declarada no ano seguinte.

Essa situação o deixou sem uma perspectiva clara. Ele não desejava "vegetar na Inglaterra", e logo, através de contatos bem planejados, foi indicado Conselheiro do Governador da Bavária, sendo surpreendentemente nomeado Cavalheiro por George III. Ele foi altamente efetivo na Bavária, reformulando as condições do exército, estabelecendo serviços de assistência social para os pobres, que estavam bem à frente de sua época, e criou um grande parque em Munich, ainda apreciado como o "Jardim Inglês". Thompson tornou-se uma figura pública rica e respeitada, com o título de Conde e o cargo de ministro da guerra. Ele permaneceu lá durante 14 anos, antes de mudar-se para Londres em 1798, onde foi muito bem recebido como grande filantropo e um especialista em novos métodos para ajudar os pobres.

O trabalho científico foi sempre uma parte de suas atividades e em Munich ele realizou sua maior contribuição à física. Visitando o arsenal e ficou impressionado pelo considerável nível de aquecimento atingido pelos canhões durante a usinagem. Naquela época pensava-se que o calor era constituído por uma substância sutil, o "calórico", que era forçado para fora do metal durante a operação de usinagem. Porém Rumford mostrou, usando uma broca cega, que uma quantidade aparentemente ilimitada de calor podia ser obtida a partir de uma única peça e que o calórico não deveria ter massa. Ele concluiu que o calórico não exixtia e que o calor era devido ao movimento das partículas dos corpos. Prosseguiu, procurando medir a relação entre trabalho e calor, obtendo um resultado com uma diferença de 30% em relação ao valor admitido atualmente. Esse conceito foi fundamental para a física moderna, e a relação quantitativa entre trabalho e calor foi logo estudada com grande cuidado por Joule.

Rumford foi sempre um entusiasta da aplicação da ciência, projetando fogões,, lampiões e carruagens. Em Londres, em 1800, ele planejou e criou a Royal Institution, que tem sido muito importante para o desenvolvimento da ciência britânica. Rumford indicou para dirigir a Royal Institution, em 1801, Davy, que na época tinha 22 anos, e foi uma escolha extremamente feliz. Logo Rumford estaria viajando novamente, parcialmente em conseqüência das disputas travadas pelos diretores da Royal Institution. Ele se estabeleceu em Paris, e em 1805 casou-se com Marie Lavoisier, viúva do grande químico e reformador. Esse casamento logo mostrou-se desafortunado: suas brigas eram dramáticas, e Rumford passou muito tempo em seu laboratório, estudando o calor gerado na combustão, e utilizando com essa finalidade um calorímetro de Lavoisier. Ele separou-se de Marie, mas tinha amigos, dinheiro, era visitado por sua filha americana Sally, e uma reputação importante. F. D. Roosevelt o considerava, junto a Franklin e Thomas Jefferson, como uma das mais brilhantes mentes que os Estados Unidos haviam produzido. Certamente Rumford foi um dos personagens mais aventurosos da ciência do século XVIII.

 
Bibliografia

Millar, D. et al. The Cambridge Dictionary of Scientists. Cambridge University Press, 1996.