Políticas
públicas para eficiência energética e
energia renovável no novo contexto de mercado: Uma
análise da experiência recente dos EUA e do Brasil
Este livro está agora disponível para
compra online (versão eletrônica ou impressa)
Resenha
por
Jeverson Barbieri (Revista eletrônica Comciência/SBPC)
O
livro Políticas Públicas para Eficiência
Energética e Energia Renovável no Novo Contexto
de Mercado torna-se leitura importante e obrigatória
porque carrega em seu conteúdo uma importante organização
de idéias visando incentivar o setor energético
a duas práticas importantes: uma maior participação
de fontes renováveis dentro de sua matriz energética
e maiores esforços no sentido de economizar o consumo de energia elétrica.
O
tema, assim como o livro, é bastante atual e contempla
todo o novo processo regulatório existente no Brasil,
a partir da privatização, onde novos atores
são os responsáveis por decisões fundamentais
e novos investimentos no setor.
Gilberto
Jannuzzi, especialista em Energia e Meio Ambiente, mostra
o cenário atual das políticas públicas
no setor energético e faz uma análise profunda
sobre a recente experiência dos EUA que, mesmo tentando
garantir e estimular a utilização de formas
mais sustentáveis de energia, introduziram reformas
no setor energético permitindo uma livre concorrência
entre produtores de energia.
O
objetivo do livro é fazer com que a experiência
americana sirva, de alguma forma, como parâmetro para
o processo que está ocorrendo no Brasil e chama a atenção
para os riscos que a privatização e a introdução
de competição possam gerar, sem que as características
de interesse público do setor energético estejam
definidas.
Outro
ponto importante levantado no livro é a queda acentuada
em Pesquisa & Desenvolvimento na área energética.
Existem, segundo o autor, dois motivos principais que preocupam
bastante: a crescente evidência de que os impactos ambientais
das fontes e tecnologias de combustão de energéticos
são grandes e crescentes e, ainda, que novas alternativas
possam ser investigadas para poder atingir metas mesmo modestas
estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto.
O
autor chama a atenção para que maiores esforços
de P&D sejam feitos para que tecnologias de uso eficiente
de energia e fontes renováveis venham a se tornar mais
atraentes frente às alternativas convencionais que
deverão ter preços menores, como resultado de
maior competição.
Jannuzzi
alerta ainda para o fato de que as motivações
e o processo de reforma introduzidas no Brasil são
completamente diferentes das observadas nos EUA. Primeiro
porque nos momentos de reforma haveria uma orientação
do órgãos ligados ao setor público de
energia para se afastarem das ações de eficiência
energética e também de P&D. Um dos elementos
componentes dessa estratégia foi a criação
pela ANEEL, a partir de uma resolução obrigando
as empresas privatizadas a recolher 1% de suas receitas para
alocação em medidas e programas de eficiência
energética e P&D.
Um
outro fator importante citado pelo autor é a pouca
experiência que o Brasil possui na criação
de regras e incentivos para as companhias de eletricidade
investirem em eficiência energética.
O
autor mostra que, a experiência brasileira, serve para
ilustrar a necessidade de se explicitar uma política
mais clara para a aplicação de recursos regulados.
Apenas a criação de um mecanismo para financiar
bens públicos como eficiência energética
e P&D não é suficiente para garantir a satisfação
de interesses públicos que o regime de mercado não
pode prover.
Resumo
No Brasil e em vários
outros países, o setor energético passa por
grandes transformações na sua estrutura de gerenciamento,
nas decisões de novos investimentos e nas formas da
sociedade implementar mecanismos de controle e regulação.
Este é um fenômeno relacionado com novas condições
financeiras, tecnológicas e econômicas principalmente
para a geração de eletricidade. De uma forma
geral, a grande preocupação dessas reformas
é garantir competitividade, eficiência econômica
para o setor e maiores investimentos da iniciativa privada.
Dependendo da situação em cada país tem
se observado maior ou menor ênfase em um desses aspectos.
É possível
notar, no entanto, que o denominador comum dessas mudanças
é um enfraquecimento do poder público, seja
ele como o principal gestor da indústria de eletricidade,
ou como regulador de uma concessão privada para a oferta
de serviços de energia (conforme era o caso dos EUA
até recentemente). Algumas das reformas inclusive,
especialmente aquelas que se preocupam em introduzir maior
competição no segmento da geração,
têm provocado um completo desinteresse em promover serviços
de utilidade pública, como é o caso da eficiência
energética, seja pelas companhias de geração,
ou distribuição de eletricidade.
O grande desafio dessas mudanças é, a nosso
ver, garantir que a indústria de eletricidade além
de ser competitiva, seja capaz também de atender objetivos
sociais, de proteção ambiental, e assegurar
investimentos que promovam maior sustentabilidade do sistema
energético para o futuro. É com esse objetivo
que se desenvolve o presente trabalho para analisar a experiência
recente dos EUA com relação a reestruturação
do seu setor elétrico e iniciativas desenvolvidas naquele
país para preservar os "bens públicos".
Este país teve um desempenho diferenciado nessa questão
quando comparado com os demais e, embora as reformas estejam
sendo feitas para promover uma agressiva competição
nos serviços de energia, tem havido preocupação
em manter o caráter de "indústria de interesse
público".
A tendência
das reformas no Brasil é fazer com o setor público
participe cada vez menos de iniciativas diretamente relacionadas
com eficiência energética, pesquisa e desenvolvimento
e fontes renováveis, e se dedique mais à criação
de um ambiente favorável para que outros agentes se
envolvam nessas atividades.
A análise aqui desenvolvida para o caso norte-americano
procura aproveitar sua larga experiência em criar incentivos
através de regulação para estimular a
ação de companhias de energia em investimentos
em programas de eficiência energética, embora
tenham sido concebidos durante um período onde ainda
não havia competição.
Nossa intenção
aqui é a de procurar entender quais são e quais
foram as motivações para preservar "bens
públicos" nesse período de reformas e,
na medida do possível, procurar descrever os mecanismos
que estão sendo discutidos ou colocados em prática
para a promoção desses bens no ambiente de maior
competição.
Verificamos, como conclusão do trabalho, que três
fatores tem sido especialmente importantes para a preservação
dos aspectos de utilidade pública da indústria
de eletricidade nos EUA. Em primeiro lugar destacamos a forte
tradição do país na implementação
de programas federais, estaduais e regionais de conservação
de energia e proteção ambiental. Essas iniciativas
são uma importante herança das várias
décadas de rigorosa regulação pública
a que esteve submetida a indústria de eletricidade
nos EUA, que inclusive, foi responsável pela criação
de mercados para várias tecnologias eficientes e de
energia renovável. Outro fator foi a participação
da sociedade civil, seja através de grupos de proteção
ao consumidor, ambientalistas, acadêmicos, grupos comerciais
e industriais ligados a fontes renováveis. Finalmente
observamos o interesse e sintonia de órgãos
legislativos, tanto no âmbito federal como estadual,
para atender às reivindicações e preocupações
da sociedade. Trata-se de um processo ainda em elaboração
e com diferentes enfoques de acordo com as especificidades
de cada estado, mas que oferece uma contribuição
e inspiração para que iniciativas semelhantes
sejam experimentadas em países como o Brasil.
O presente trabalho
consiste de 9 capítulos. Inicialmente são apresentados
os conceitos de bens e benefícios públicos do
sistema energético. No segundo capítulo analisam-se
as principais causas e objetivos das reformas nos EUA, buscando
evidenciar as principais mudanças que poderiam comprometer
o papel de interesse público dessa indústria.
Os capítulos seguintes discutem com maiores detalhes
os efeitos das reformas do setor para a eficiência energética,
fontes renováveis e pesquisa e desenvolvimento, procurando
mostrar as iniciativas que foram realizadas naquele país
para garantir esses aspectos. O capítulo 6 discute
o importante papel desempenhado pela opinião pública
organizada através de grupos civis na manutenção
dos aspectos de interesse público da indústria.
O capítulo 7 resume alguns dos principais mecanismos
utilizados pelos governos estaduais e federal para promover
programas de bens públicos nos EUA. O capítulo
8 apresenta uma análise do mecanismo regulatório
colocado em prática no Brasil para fomentar investimentos
em eficiência e pesquisa e desenvolvimento pelas empresas
privatizadas, com o objetivo de verificar se está sendo
realmente eficaz para prover bens públicos para o país.
As conclusões estão discutidas no capítulo
final.
Errata
Página XX
1) Acrescentar:
ESE - Empresa de Serviços de Energia, o mesmo que ESCO.
2) Corrigir: G-77
em lugar de G7.
Página 32
Final do primeiro
parágrafo: eliminar "de se produzir energia".
Página 47
Último parágrafo:
4a. linha ...época de haveria... substituir
"de" por "que".
Página 51
Tabela 9: Substituir
(GW) por (MW)
Página 103
Último parágrafo:
substituir "convergiam" por "convirjam".
Página 113
Hardin. G. (1998)
substituir data: (1968).
1) Acrescentar:
ESE - EMpresa de Serviços de Energia, o mesmo que ESCO.
|